Dois anos atrás, escrevemos aqui que a computação em nuvem — ou cloud — tinha o potencial de gerar até US$ 1 trilhão em EBITDA adicional para negócios de todos os setores mundo afora.
De lá para cá, o prêmio triplicou de tamanho.
O mais recente estudo da McKinsey mostra que essa tecnologia pode gerar US$ 3 trilhões com redução e otimização de custos, ganhos na produtividade e, principalmente, na geração de novos modelos de negócios até 2030.
Concretizar todo esse potencial, no entanto, ainda permanece um desafio. Uma em cada dez empresas obtém sucesso e consegue tirar valor em escala da nuvem e cinco estão começando a colher os resultados. Mas essa previsão pode mudar (para melhor) com o advento da inteligência artificial generativa (GenAI), que promete trazer dias ensolarados entre as nuvens.
Atmosfera nublada
Por ora, o tempo ainda está nublado. A McKinsey conversou com lideranças seniores de grandes empresas e constatou que metade delas migrou uma pequena parcela de seus aplicativos para a nuvem. Na média, o percentual de migração é de 15 a 20%, mas dois terços das empresas esperam migrar até 80% de seus sistemas para a nuvem até o fim desta década.
Uma das razões para a desconexão atual entre ambição e realidade é que muitos negócios buscam uma migração muito gradual, utilizando modelos pouco eficientes ou limitando os seus orçamentos de TI. Uma estratégia eficaz para a nuvem, no entanto, precisa de muito mais.
Como mudar a previsão
Não se trata apenas de trocar os servidores, mas refinar e, às vezes, reinventar o modo como a tecnologia é desenvolvida e gerenciada. Diferentes arquiteturas, serviços de infraestrutura e parceiros são necessários. Mais do que a tecnologia por si só, é preciso empreender uma mudança radical na forma de operar e se organizar.
Tudo isso exige tempo e investimento. Na verdade, muitas empresas não estão convencidas de que podem pagar pela nuvem, ou de que o retorno financeiro será suficiente. Por isso estão indo devagar.
Pancadas de GenAI previstas
A GenAI tem o potencial de acelerar o ritmo de migração, aumentando a produtividade do desenvolvedor e reduzindo os custos de migração e modernização. Grande parte das lideranças ouvidas e dos especialistas consultados acredita nisso. O impacto no ROI pode chegar a 110 pontos percentuais.
Há dois caminhos aqui. O primeiro é usar a nuvem para viabilizar usos de GenAI. Com uma enorme demanda por computação, armazenamento e rede, a GenAI precisa de plataformas de nuvem para escalar; pilotos e iniciativas desconectados executados por equipes que não atuam em sinergia não funcionam. Elas têm de pensar em criar fluxos de trabalho habilitados para a GenAI, o que irá incentivar as empresas a acelerar a migração para a nuvem.
O segundo caminho é o inverso: utilizar a GenAI para acelerar o uso da computação em nuvem. Por exemplo, corrigir um aplicativo para que ele funcione de maneira eficiente na nuvem é caro e demorado, mas a GenAI potencializa os esforços humanos. Ela pode ajudar a analisar milhões de linhas de códigos desatualizados, gerar novos códigos e criar scripts de testes para controle de qualidade. Resultados preliminares demonstraram que é possível reduzir em cerca de 40% o tempo e o custo necessários para essas tarefas.
Para resumir, a nuvem precisa da GenAI e a GenAI precisa da nuvem. É necessário investir em ambas para aproveitar essas tecnologias ao máximo – não basta apostar em uma só.
Na rota das nuvens
Dos US$ 3 trilhões de ganhos estimados, uma parte pequena virá da redução e otimização de custos com TI. O maior percentual — até US$ 2,5 trilhões do total — resultará da maior capacidade de inovação dos negócios.
O relatório e a nossa experiência mostram três pilares nos quais se concentrar: (1) dedicação a casos de uso de alto valor, com ativação via negócio e não apenas via otimização de TI; (2) construção de uma arquitetura robusta de nuvem, com sourcing estratégico e roadmap integrado de migração; (3) e gestão de transformação organizacional, focada num modelo operacional orientado para o produto, com talentos qualificados.
Trivial? Certamente não – ou testemunharíamos um número muito maior de empresas capturando o real valor dessa tecnologia. Mas, na velocidade de um ciclone, a nuvem está se tornando uma necessidade para o sucesso na era digital. E a migração bem-sucedida pode significar alçar a performance da sua empresa às alturas. Demorar a fazê-la, no entanto, é se sujeitar a trovoadas.