O otimismo do consumidor brasileiro se recupera em linha com o crescimento econômico

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No início de agosto, os consumidores brasileiros estavam se sentindo mais otimistas em relação à economia, comparado com os três meses anteriores até o fim de junho, embora seu otimismo continue abaixo dos níveis de 2023. Apesar da inflação acima do esperado em junho, o Banco Central manteve as taxas de juros em 10,5%1

Andre Romani, “Brazil holds interest rates as expected, flags ‘greater caution,’” Reuters, 31 de julho de 2024.

. Além disso, um mercado de trabalho restrito está impulsionando aumentos salariais em todo o país, o que por sua vez está impulsionando os gastos do consumidor. Abaixo, apresentamos as descobertas da nossa recente pesquisa ConsumerWise realizada no Brasil no final de julho e primeira semana de agosto.

O otimismo se recupera, impulsionado por consumidores de alta renda

O otimismo no Brasil se recuperou, com 38% dos consumidores em nossa pesquisa expressando confiança nas condições econômicas do país, comparado com 33% no segundo trimestre. Notavelmente, a parcela de consumidores com sentimentos mistos sobre a economia flutuou, enquanto a porcentagem de pessimistas sobre a economia se manteve estável ao longo de 2024, oscilando entre 18 e 20%. Embora os consumidores de alta renda tenham impulsionado esse otimismo – 44% têm um sentimento positivo sobre a economia – esse número caiu de 52% no final do ano passado, refletindo a taxa em geral mais baixa de otimismo durante a maior parte de 2023. As conclusões também mostram diferenças geracionais significativas, com a Gen Z notavelmente menos otimista que os pares mais velhos, o que não é surpreendente dada a alta taxa de desemprego entre os jovens2

Baby boomers nasceram entre 1946 e 1964; Geração X entre 1965 e 1980; millennials nas décadas de 1980 e 1990; e Gen Z entre 1997 e 2012. “Brazil: Unemployment rate from 1999 to 2023,” Statista, 5 de julho de 2024.

. A inflação continua a ser a principal preocupação, com 50% dos participantes citando altos preços como uma questão principal, comparado com 43% no trimestre de junho. As gerações mais jovens são claramente menos otimistas, dada sua falta de experiência com a hiperinflação das décadas de 1980 e 1990, tornando as pressões inflacionárias atuais mais impactantes.

Maior otimismo econômico impulsiona a intenção de gastar

A recuperação do otimismo econômico está se traduzindo num aumento da intenção de gastar. Os consumidores do Brasil estão planejando gastar mais em uma gama de itens essenciais, semidiscricionários e discricionários em relação ao trimestre anterior, com algumas categorias notáveis experimentando mudanças significativas, incluindo joias, refeições em restaurantes, móveis e brinquedos. A intenção de gastar varia entre as faixas etárias. Consumidores Gen Z planejam gastar mais com fitness e móveis; millennials com cruzeiros, reformas de imóveis e brinquedos; e baby boomers com produtos de bem-estar. Apesar da estabilidade relativa das intenções de gastos este ano, o consumo de forma geral está superando as expectativas do mercado e impulsionando o crescimento do PIB.

Os consumidores continuam mudando para produtos mais baratos ativamente para economizar

O número de consumidores mudando para produtos mais baratos nos últimos três meses aumentou sete pontos percentuais em relação ao ano anterior, para 31%, continuando uma tendência consistente de substituição. Mais participantes de média e alta renda relataram deixar compras para depois comparado com o segundo trimestre, enquanto menos consumidores de baixa renda fizeram o mesmo. Isso ocorre provavelmente porque consumidores de baixa renda não podem despriorizar itens essenciais, que consomem a maior parte de sua renda disponível, enquanto consumidores de média e alta renda podem adiar a compra de itens de luxo não essenciais. Baby boomers estão ajustando o seu comportamento mais do que qualquer outra faixa etária, com 94% substituindo produtos por outros mais baratos comparado com 84% nos três meses encerrados em junho. A porcentagem de baby boomers mudando de marcas ou deixando compras para mais tarde aumentou em dois dígitos. Por outro lado, muito menos consumidores da Generation X estão deixando compras para depois, ajustando quantidades ou tamanhos das embalagens, ou mudando de varejistas. Notavelmente, aproximadamente um terço dos respondentes relataram usar serviços “compre agora, pague depois” – quase o dobro da taxa observada nos Estados Unidos, México, e as cinco maiores economias europeias. Compre agora, pague depois é um método de pagamento popular no Brasil, onde a digitalização dos pagamentos facilitou seu crescimento.

Os consumidores estão otimistas, mas cautelosos em relação aos gastos excessivos

Apesar do otimismo geral sobre o estado da economia do Brasil, o número de baby boomers planejando um grande gasto nos próximos três meses caiu significativamente, de 38% para 29%. Em contraste, uma geração pessimista com a economia e mais provável de pertencer a um grupo de renda mais baixa – Generation Z – indicou intenção de esbanjar. No geral, 54% dos consumidores da Gen Z planejaram presentear a si mesmos este ano, contra 49% no segundo trimestre.

Gerações mais otimistas estão aumentando suas compras de luxo

Embora a recuperação do otimismo do consumidor não esteja se traduzindo em planos gerais para esbanjar – como evidenciado por uma queda no número de consumidores com intenção de gastar em categorias principais como vestuário, calçados, mantimento, beleza e cuidado pessoal, e entretenimento fora de casa – existem diferenças entre as gerações. Millennials mostram uma maior inclinação para esbanjar em quase todas as categorias exceto produtos de beleza e cuidado pessoal, enquanto a Generation X parece estar mudando suas compras de luxo de calçados de produtos de beleza para restaurantes e entretenimento fora de casa. Por último, mais respondentes com alta renda planejam esbanjar em comparação ao trimestre anterior, enquanto consumidores com média e baixa renda economizam em compras arbitrárias. Uma exceção é jantar fora, onde planejam gastar mais nos próximos três meses.

O Brasil está vendo evidências de consumidores mais otimistas, com fé crescente em suas finanças domésticas e disposição para gastar. Mas este otimismo renovado pode ser atenuado por uma inflação acima do esperado e uma taxa elevada de desemprego entre os jovens.

Fique atento a este espaço para acompanhar atualizações regulares sobre a situação do consumidor brasileiro. Para entrar em contato conosco e receber mais informações ou ter acesso a outras análises, confira nossa página ConsumerWise3

Becca Coggins, Christina Adams, Kari Alldredge, and Warren Teichner, “An update on US consumer sentiment: Consumer optimism rebounds—but for how long?,” 23 de agosto de 2024.

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