MGI Research

Desempenho por meio das pessoas: a transformação do capital humano em vantagem competitiva

| Relatório

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Em suma

  • Quando as empresas enfatizam o desenvolvimento de habilidades, isso compensa para os trabalhadores. As habilidades aprendidas no trabalho contribuem com 46% dos ganhos de uma pessoa típica ao longo da vida, e as empresas que desenvolvem o capital humano têm maior probabilidade de levar seus funcionários a faixas salariais mais altas ao longo da carreira.
  • A construção de capital humano também compensa para as empresas na forma de ganhos mais consistentes e maior resiliência durante as crises. Além de serem mais consistentes do que seus pares do setor, as empresas que constroem capital humano são melhores em reter talentos, com taxas de evasão cerca de 5 pontos percentuais mais baixas.
  • Algumas empresas (as “Vencedoras em Pessoas + Desempenho”) priorizam o desenvolvimento de seus funcionários e, ao mesmo tempo, conseguem gerar lucratividade de primeiro nível. Essas empresas têm maior probabilidade de se tornar “superestrelas” em grande escala. Elas estão presentes em todos os setores e registram, em média, um lucro econômico superior a US$ 1 bilhão.
  • As Vencedoras em Pessoas + Desempenho têm o traço organizacional inconfundível de desafiar e empoderar os funcionários e, simultaneamente, fomentar a inovação de baixo para cima. Esse tipo de capital organizacional contrasta com o de outras empresas de alto desempenho, que tendem a ser mais de cima para baixo e mais transacionais. Esse estilo de gestão parece ativar o capital humano e gerar uma vantagem competitiva palpável.

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Pesquisas anteriores do MGI mostraram que o desenvolvimento do capital humano compensa para os trabalhadores, sendo que as habilidades aprendidas no trabalho respondem por quase metade dos ganhos de uma pessoa típica ao longo da vida. No entanto, será que investir nas pessoas beneficia de fato as empresas? A maioria dos líderes empresariais concorda que essa é a coisa certa a fazer. Porém, eles são menos claros sobre a relação entre essas iniciativas e os resultados – e sobre os motivos de algumas organizações serem muito mais eficazes do que as outras em transformar o capital humano em uma vantagem competitiva real.

Para explorarmos essas questões, analisamos 1,8 mil grandes empresas de 15 países e setores diversos, classificando-as com base em dois aspectos: o quanto elas focam no desenvolvimento do capital humano e se elas superam financeiramente seus pares do setor.

Um subconjunto em particular se destaca: as Vencedoras em Pessoas + Desempenho (Vencedoras em P+D) se sobressaem na criação de oportunidades para seus funcionários desenvolverem habilidades (o que medimos observando a mobilidade interna, o tempo de treinamento e as pontuações de saúde organizacional) e, ao mesmo tempo, atingem sempre os mais altos padrões de desempenho financeiro. Outro grupo, o das Empresas Voltadas ao Desempenho, também alcança resultados financeiros de alto nível, mas não coloca a mesma ênfase no desenvolvimento de habilidades e no ambiente de trabalho. Um terceiro grupo, o das Empresas Focadas nas Pessoas, investe recursos no desenvolvimento dos funcionários, mas não consegue traduzir isso em finanças sólidas. Por fim, a maioria é formada por Empresas de Desempenho Típico, que não se destacam em nenhuma das duas dimensões.

As Vencedoras em P+D distinguem-se das Empresas Voltadas ao Desempenho em dois aspectos importantes. Elas alcançam resultados mais consistentes e têm maior resiliência nos ganhos, além de uma capacidade superior de atrair e reter talentos (Quadro 1). Essas são vantagens importantes em um momento no qual as empresas enfrentam turbulências econômicas e escassez de mão de obra.

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Mesmo tendo seguido de perto as Empresas Voltadas ao Desempenho na lucratividade e nos retornos aos acionistas ao longo da década anterior à pandemia, as Vencedoras em P+D apresentaram uma probabilidade 1,5 vez maior de permanecer na faixa superior ano após ano e tiveram cerca de metade da volatilidade dos lucros.

As Vencedoras em P+D não são apenas consistentes durante os altos e baixos normais dos ciclos econômicos; também são mais resilientes em períodos de crise. Quando veio a pandemia, elas apresentaram maior probabilidade de suportar a crise e de evitar grandes impactos. Somente 54% das Vencedoras em P+D registraram uma redução de mais de 0,5 ponto percentual no retorno do capital investido de 2019 a 2020, em comparação com 65% das Empresas Voltadas ao Desempenho. Aliás, 36% das Vencedoras em P+D observaram um aumento de mais de 0,5 ponto percentual (contra 29% das Empresas Voltadas ao Desempenho). Além disso, mais Vencedoras em P+D encontraram oportunidades de crescimento nos anos de crise. De 2019 a 2021, elas aumentaram a receita duas vezes mais rapidamente do que as Empresas Voltadas ao Desempenho (8% ante 4%). As organizações que haviam passado anos construindo reservas de fidelidade, reputação e capacidade inovadora por meio do investimento nas pessoas podem ter contado com mais recursos internos aos quais puderam recorrer quando a situação ficou difícil.

O investimento no capital humano está associado a consistência e resiliência também em outras empresas. Nos dois segmentos que não apresentam o melhor desempenho financeiro, as Empresas Focadas nas Pessoas demonstraram maior estabilidade do que as Empresas de Desempenho Típico. As Empresas de Desempenho Típico apresentaram uma probabilidade 1,5 vez maior do que uma empresa média de nossa amostra de permanecer no quintil inferior da lucratividade em nove de dez anos, enquanto, no caso das Empresas Focadas nas Pessoas, a probabilidade foi 1,1 a 1,3 vez maior. Estas últimas também demonstraram maior resiliência durante a pandemia, tendo aumentado sua receita duas vezes mais rapidamente do que as Empresas de Desempenho Típico (6% ante 3%) de 2019 a 2021.

Ademais, as Vencedoras em P+D são ímãs de talentos, com taxas de evasão quase cinco pontos percentuais inferiores às das Empresas Voltadas ao Desempenho. Seus funcionários relatam maior satisfação no trabalho e têm uma probabilidade 1,3 vez maior de passar a faixas salariais mais altas ao longo da vida do que os funcionários das Empresas Voltadas ao Desempenho. As Empresas Focadas nas Pessoas exibem níveis igualmente altos de satisfação dos funcionários e evasão ainda menor do que a das Vencedoras em P+D, apesar de não ostentarem o mesmo desempenho financeiro fora de série.

Como as Vencedoras em P+D conseguem ter sucesso nas duas frentes? Embora investir nas pessoas seja importante, nossas pesquisas mostram que é necessário outro ingrediente para extrair o melhor delas e canalizar seus esforços para os resultados: o capital organizacional, ou seja, as práticas, os sistemas e a cultura de gestão de cada empresa. Esse conceito abrange tudo, dos programas de treinamento aos fluxos de trabalho, passando pelas estruturas dos departamentos e das equipes, as comunicações com os funcionários, as normas, a cultura e a liderança. Quando esses elementos são eficazes, podem transformar um conjunto de pessoas talentosas em uma equipe coesa.

O capital organizacional é o tecido que envolve os funcionários, e sua estampa é importante. Comparamos as práticas de cada grupo de empresas usando o diagnóstico do Índice de Saúde Organizacional da McKinsey e outras métricas no nível das empresas. As Vencedoras em P+D têm um traço inconfundível relacionado a estilos de liderança consultivos e desafiadores; à colaboração e à inovação de baixo para cima; a ambientes de trabalho positivos e inclusivos; e a recompensas e oportunidades de promoção para os funcionários (Quadro 2). As Empresas Voltadas ao Desempenho têm estilos de liderança semelhantes, mas são mais orientadas externamente, aos clientes e concorrentes, com menos ênfase no engajamento de seu pessoal por meio de inovação, motivação, ambiente de trabalho e coaching prático – tudo no âmbito da empresa inteira. As Empresas Focadas nas Pessoas têm muitas práticas em comum com as Vencedoras em P+D (como motivar os funcionários e criar ambientes de trabalho positivos), mas são menos orientadas aos resultados e não enfatizam a inovação de baixo para cima.

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Em média, as empresas gastam cerca de um terço de sua receita em capital humano e organizacional, o que medimos usando como indicadores a remuneração (para o primeiro) e os gastos gerais, administrativos e de vendas ajustados (para o segundo). Trata-se de um investimento significativo, e as empresas precisam torná-lo o mais produtivo possível. As Vencedoras em P+D obtêm um crescimento de receita aproximadamente 30% maior do que as Empresas Voltadas ao Desempenho e as Empresas Focadas nas Pessoas para cada dólar que investem em capital humano e organizacional. Por sua vez, as Empresas Voltadas ao Desempenho obtêm maior retorno do investimento em P&D e em vendas e marketing – mas têm o potencial de reforçar ainda mais seus resultados gerais ao aumentarem a eficácia de seus investimentos nas pessoas e nos sistemas do local de trabalho.

Os líderes empresariais precisam de um foco mais intenso nas nuances do capital organizacional. O capital humano não é apenas um insumo de mão de obra; as pessoas são o principal ativo de qualquer empresa. O local de trabalho deve funcionar para os funcionários, com coaching para ajudá-los a se desenvolver, estruturas de apoio e fluxos de trabalho que eliminem as frustrações. Os funcionários sabem o que funciona na linha de frente, e sua voz e seus pontos de vista devem embasar qualquer reformulação. Além de melhorarem a experiência diária dos trabalhadores de todos os níveis, esses princípios podem aumentar a competitividade e a adaptabilidade em um mundo em rápida evolução.

Em alguns casos, alterar políticas e sistemas no âmbito de toda a empresa pode estimular mudanças positivas. Em outros, será necessária uma mudança de comportamento por parte dos líderes. Embora os executivos líderes possam articular a visão e dar o exemplo, os gestores intermediários e de linha de frente são os principais atores, pois dão o tom para cada equipe, enxergam melhor o que está funcionando e podem ter a maior influência na experiência dos funcionários.

Nem toda empresa optará por seguir o modelo das Vencedoras em P+D. Algumas são movidas unicamente pelos resultados financeiros; focar nas pessoas talvez não esteja em seu DNA. Reformular a cultura organizacional é um compromisso difícil e contínuo que requer energia, autorreflexão e disposição para transformar padrões conhecidos.

Contudo, as empresas que adotam um foco mais voltado às pessoas juntamente com uma cultura organizacional mais desafiadora e empoderadora têm muito a ganhar. Além de elevarem os retornos financeiros, elas podem melhorar sua consistência, resiliência, reputação e retenção de talentos, além da lealdade dos funcionários – e esses são os atributos distintivos das empresas que prosperam no longo prazo.

Quer saber mais sobre o Desempenho através das Pessoas?

Baixe o relatório completo de 40 páginas, disponível em inglês. O respectivo apêndice técnico também está disponível em inglês.

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