Se uma executiva houvesse adormecido em 2019 e acabasse de despertar, não reconheceria o mundo dos negócios de novembro de 2022. A pandemia de COVID-19 reescreveu todas as regras e agora uma nova e poderosa disrupção parece acontecer dia sim, dia não. Todos nós conhecemos a lista de problemas e não vamos repassá-los aqui. Basta dizer que gerenciar organizações complexas é muito mais difícil hoje do que há alguns anos. E, para um CEO, a tarefa mais difícil de todas é decidir o que precisa ser feito já e o que pode esperar.
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Em suma, o que importa mais hoje em dia? Assim como no ano passado, conversamos com centenas de líderes este ano e encontramos seis prioridades que aparecem com destaque nas agendas de CEOs de todo o mundo. São essas ações que os líderes estão empreendendo para fortalecer as defesas e, ao mesmo tempo, ganhar terreno sobre os rivais – o que é muito diferente da agenda puramente defensiva que muitas empresas ainda estão seguindo.
Comecemos, como não poderia deixar de ser, com a resiliência. A palavra se tornou um chavão corporativo, sem dúvida, mas se retirarmos toda a bagagem supérflua que o termo foi acumulando, veremos que a resiliência está emergindo como uma espécie de “energia vital” para empresas que operam em um mundo de volatilidade e disrupções sem fim. A pandemia exigiu das empresas movimentos muito mais rápidos. E agora a inflação parece que veio para ficar, em grande parte devido à deterioração das cadeias de suprimentos, especialmente as de energia. Essa conjuntura vem fazendo com que as empresas apliquem sua velocidade recém-adquirida em todas as seis dimensões de resiliência: finanças, operações, tecnologia, organização, modelo de negócio e reputação. As empresas americanas decidiram seguir um caminho; as europeias estão reagindo de maneira um pouco diferente, mais condizente com suas circunstâncias. Para os CEOs, a questão primordial hoje é: Quão resiliente é a sua empresa?
Uma segunda prioridade diz respeito a uma virtude meio antiquada: coragem. Com muitos indicadores dando sinais de alarme, é tentador para os líderes empresariais retrair um pouco, adiar algumas iniciativas e reduzir os planos de crescimento. É tentador, mas errado (para a maioria das empresas). Os melhores líderes e empresas são ambidestros: prudentes ao administrarem tempestades, mas sempre buscando corajosamente a bonança. Esses líderes estão pensando na década vindoura, não no próximo mês. Muitos incentivam suas organizações a repensar as oportunidades e redefinir o tabuleiro estratégico à luz da volatilidade atual. Como disse um CEO: “Não quero comparar nosso desempenho com o do setor – quero reinventar o setor”.
Buscar a grandeza na área de atividade da empresa é uma coisa; aventurar-se em um setor totalmente diferente é outra história, bem mais complicada. No entanto, é uma história que os CEOs mais arrojados estão hoje escrevendo. Mais da metade dos altos executivos consideram a construção de negócios uma das suas três maiores prioridades. E como eles constroem negócios? Começam definindo padrões bastante elevados (pense nas unicórnios) e depois protegem o novo negócio do business as usual dos negócios já existentes. O terreno mais fértil para a construção de novos negócios são as tecnologias verdes; nossa pesquisa identificou 11 empresas nessa área, cujo valor coletivo poderá atingir US$ 12 trilhões em alguns anos. Para assumirem uma posição de liderança nesses pools de valor, os CEOs precisam lembrar que, nestes tempos de restrição de capital, eles têm uma vantagem que as startups não têm: dotar os novos negócios com os recursos necessários para o sucesso.
Construir um novo negócio inevitavelmente significa tecnologias novas e melhores, a quarta prioridade dos CEOs. Isso é especialmente verdadeiro quando se busca novas oportunidades de negócios verdes. É verdade para todas as empresas não tecnológicas que estão começando a colocar software no centro de seus negócios, mas vale também para qualquer empresa que queira extrair o máximo valor de sua transformação digital. Contudo, isso é apenas o começo; a tecnologia está sempre evoluindo, oferecendo novas oportunidades para CEOs que buscam transformar suas empresas. Como inspiração, veja as principais tendências tecnológicas que identificamos trabalhando com 100 dos principais especialistas do mundo. Qual dessas tendências sua empresa utilizará para ganhar vantagem? Encontre as que forem certas para você e siga o caminho trilhado por centenas de unicórnios para construir um negócio digital de sucesso.
Que diferença um ano faz! A jornada para emissões líquidas zero, nossa quinta prioridade para os CEOs, tomou um rumo bastante inesperado. Ontem mesmo, em novembro passado, na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021), o compromisso assumido pelos líderes empresariais de submeterem quase 90% das emissões de CO2 a programas de redução sinalizou que o setor privado havia finalmente se engajado pela primeira vez. Entretanto, logo fortes ventos contrários começaram a soprar –inflação crescente, guerra na Europa, insegurança energética, e uma possível recessão global. São os desafios mais sérios em pelo menos uma geração, vários líderes nos disseram. Por outro lado, há algumas notícias surpreendentemente boas: as metas de sustentabilidade, competitividade econômica, viabilidade financeira e segurança nacional estão se harmonizando como nunca antes. Cabe aos CEOs adaptar, mitigar e reunir esses conceitos em um veículo que vá do zero ao zero líquido; como fazer isso está explicado aqui.
As pessoas necessárias para fazer tudo isso acontecer nunca estão longe da mente dos CEOs. A sexta prioridade que ouvimos dos líderes é que eles precisam reengajar os funcionários. Nos últimos anos, o contrato com os trabalhadores tornou-se um pouco transacional demais para o gosto de qualquer pessoa – nós pagamos, vocês aparecem e até amanhã. Com o fim (esperamos!) da pandemia de COVID-19, os CEOs precisarão elaborar um novo plano de engajamento, do qual o aperfeiçoamento do modelo de trabalho híbrido é uma dimensão. Mas a exigência de trabalhar dois dias no escritório, digamos, vai virar bem depressa um aborrecimento se não houver alguns novos incentivos. Os CEOs precisam pensar a fundo sobre o escritório do futuro, um lugar no qual os funcionários queiram estar – para conviver com os amigos, trocar novas ideias e encontrar significado no trabalho para ajudá-los a suportar a semana seguinte de videochamadas insossas. Quem fizer essas coisas bem logo descobrirá que a retenção de funcionários deixará de ser um problema.
O CEO é o estrategista-mor da empresa. O que poucos compreendem, porém, é que ele/ela também é o integrador máximo, responsável por identificar os problemas que acometem a empresa e por formular uma resposta que reúna todos os recursos certos para resolvê-los. Fazer isso bem exige uma ampla gama de perspectivas contraditórias: de fora para dentro e de dentro para fora; um telescópio para enxergar o mundo e um microscópio para dissecá-lo; uma fotografia instantânea dos problemas imediatos e uma sequência de imagens em câmera rápida para perscrutar o futuro. Esperamos que este artigo e as leituras detalhadas indicadas proporcionem aos CEOs a clareza que procuram.