A COP, sigla em inglês que significa Conferência das Partes, é um encontro anual no qual os estados-membros das Nações Unidas se reúnem para trabalhar em duas principais missões: avaliar o estágio e o progresso em relação às mudanças climáticas e fazer um plano de ações e metas conforme as diretrizes da UNFCCC (sigla em inglês para Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). A primeira COP aconteceu em Berlim, em 1995, e a COP27, realizada no ano passado, ocorreu em Sharm El Sheikh, no Egito.
As decisões tomadas na COP são de âmbito global. No sistema da ONU, grandes países como Estados Unidos e Rússia têm os mesmos direitos de voto de pequenas nações insulares, como Vanuatu ou São Tomé e Príncipe. Além disso, as decisões só podem ser tomadas se houver consenso. Os estados-membros da ONU, assim como organizações observadoras, enviam seus representantes para integrar as negociações; participam ainda representantes da indústria e de grupos de interesse.
A seguir, analisamos alguns aspectos básicos e essenciais sobre a COP, suas conquistas e seus desafios para o presente e o futuro.
O que são os gases de efeito estufa?
Os gases de efeito estufa são gases naturais – como dióxido de carbono, metano e dióxido de enxofre – que retêm calor na Terra. Eles recebem essa nomenclatura porque o processo ocorre de forma semelhante ao de uma estufa, que confina o calor impedindo que ele escape. Segundo a Nasa, sem os gases de efeito estufa, a temperatura média no planeta seria -18°C, em vez dos 15°C que temos agora.
Com o início da Revolução Industrial, em meados de 1700, os seres humanos começaram a queimar combustíveis fósseis para sustentar estilos de vida cada vez mais mecanizados. A queima desses combustíveis, porém, libera gases de efeito estufa na atmosfera, que ficam retidos. Veja o exemplo do CO2, que é a causa de cerca de três quartos do aquecimento global: ele pode levar milhares de anos para ser totalmente absorvido. Assim, a presença de mais gases de efeito estufa na atmosfera significa um planeta mais quente.
O que é o caminho para 1,5°C?
Desde a Revolução Industrial, a temperatura média da superfície terrestre subiu cerca de 1,2°C. A maioria dos cientistas concorda que um aumento de 1,5°C é o limiar além do qual os efeitos das mudanças climáticas seriam mais perigosos e irreversíveis. Por isso, o caminho para 1,5°C é um plano para manter o aumento médio da temperatura global abaixo desse nível.
Na COP26, em 2021, os governos concordaram em focar em um caminho de 1,5°C, em vez da meta menos ambiciosa dos 2°C acordada em Paris, em 2015. Para limitar o aquecimento nessas margens, todas as partes da economia global precisariam se descarbonizar rapidamente. A boa notícia é que muitas empresas, países e organizações anunciaram o compromisso de descarbonizar ou fazer a transição para o carbono zero nos próximos anos.
O que é carbono neutro?
A meta do chamado carbono neutro – o net zero – será alcançada quando a emissão anual dos gases de efeito estufa se equiparar ao volume removido todos os anos. Portanto, os caminhos para isso, identificados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), envolvem tanto a descarbonização como a remoção de carbono.
Para alcançar a descarbonização, é preciso reduzir o uso de combustíveis fósseis com alta emissão de carbono. Isso deve acontecer em todos os setores da cadeia, incluindo energia, agricultura e no uso da terra.
Já as soluções de remoção de carbono envolvem não apenas retirá-lo da atmosfera, mas também armazená-lo no longo prazo. Só assim para compensar as emissões de indústrias como a do cimento, difíceis de serem neutralizadas.
O que são o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris?
Ratificado em 1997, o Protocolo de Kyoto é um tratado internacional em que os signatários concordaram em reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar a interferência humana sobre o clima natural. O tratado, firmado na COP3, é um dos resultados mais significativos da história da COP. Em 2012, o acordo foi estendido para 2020.
Já o Acordo de Paris, também conhecido como Acordo Climático de Paris, é um tratado internacional negociado em 2015 na COP21. Os participantes se comprometeram em limitar o aumento das temperaturas globais abaixo dos 2°C, enquanto costuravam esforços para manter-se dentro do limite de 1,5°C. Segundo o acordo, cada país deve monitorar, registrar e reportar suas emissões de carbono, bem como seus esforços para reduzi-las e compensá-las.
O que aconteceu na última COP?
Representantes da McKinsey presentes na COP27, no Egito, reportaram obstáculos significativos que permanecem na rota do carbono neutro. Lideranças e suas organizações precisarão tomar medidas adicionais e urgentes para reduzir as emissões até o nível necessário.
Os participantes da COP27 também notaram que a ênfase da conferência se ampliou, indo além das discussões até então voltadas a mitigar a catástrofe climática. Adaptação e perdas e danos estiveram entre os principais temas na agenda de discussões, com ênfase no aumento da segurança de bilhões de pessoas que vivem nas regiões mais vulneráveis a perigos climáticos. Assegurar o carbono neutro continua sendo uma meta, mas a segurança energética, a resiliência e a capacidade de financiamento são igualmente importantes.
Quais são os principais insights da COP27 para líderes de negócios?
Com base em conversas com executivos, líderes governamentais e representantes oficiais na COP27, observamos 10 aprendizados fundamentais para acelerar a transição para o carbono zero e alcançar a sustentabilidade energética:
- 1.O setor privado tem um papel fundamental na aceleração da descarbonização, particularmente com a colaboração multiempresarial.
- Líderes devem manter o foco no longo prazo e, ao mesmo tempo, ajustarem-se às realidades do presente, equilibrando a resiliência com os compromissos de carbono neutro.
- Os setores público e privado precisam apostar em energias verdes e empregar capital em escala.
- É necessário um investimento significativo em novas e promissoras tecnologias verdes, desde a captura de carbono até a agricultura sustentável.
- Líderes devem se preparar para a maior realocação de capital já registrada: a McKinsey estima que os investimentos com ativos para a transição ao carbono neutro precisarão aumentar em US$ 3,5 trilhões por ano até 2050.
- Soluções baseadas na natureza (nature-based solutions), como reflorestamento e restauração da biodiversidade, podem ajudar a enfrentar as crises convergentes das mudanças climáticas e de perda de áreas verdes.
- As lideranças têm de colaborar em todos os ecossistemas, envolvendo as comunidades privadas, públicas e filantrópicas em esforços para a sustentabilidade.
- Líderes devem facilitar uma transição justa para países de baixa renda que, em média, têm maior probabilidade de exposição a certos riscos climáticos.
- A África desempenhará um papel primordial na transição energética – se bem coordenada, poderia desencadear um crescimento econômico crucial na região.
- Embora haja a previsão de mais compromissos de empresas, países e coalizões, na COP28 os líderes empresariais e governamentais têm de passar do compromisso à ação.
O que esperar da COP28?
A COP28, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, terá o primeiro "balanço global" – uma avaliação abrangente do progresso desde o Acordo de Paris. O objetivo é alinhar os esforços em torno da ação climática, incluindo medidas para eliminar as atuais lacunas.
A COP28 também destacará iniciativas de adaptação climática e mitigação em quatro temas principais: saúde, água, alimentação e natureza. Por fim, a COP28 será a primeira a contar com o envolvimento de um grupo ampliado de stakeholders, inclusive setores com altas emissões, como companhias privadas de petróleo e gás.
Que papel a McKinsey desempenha na COP28?
Todos os anos, a McKinsey reúne líderes globais em paralelo à COP. Nesta edição, iremos promover uma série de eventos presenciais e virtuais com líderes de empresas, governos e organizações não governamentais. As discussões terão foco em como implementar compromissos climáticos ambiciosos, que podem abrir caminho para uma onda de inovação e crescimento econômico que, ao mesmo tempo, proteja nosso planeta e promova a sustentabilidade.
O papel da McKinsey durante a COP28 reforça seu compromisso de acelerar o crescimento sustentável e inclusivo. Nos meses que antecederam a COP28, publicamos artigos e organizamos webinars sobre os temas da conferência. Também trabalhamos com nossos clientes para implementar planos de carbono neutro e criar ferramentas e soluções climáticas.
Enfim, a McKinsey vai aproximar um vibrante ecossistema de instituições para abordar alguns dos maiores problemas enfrentados atualmente pelo mundo.