Por Fernanda Hoefel
A moda é uma das mais importantes indústrias do planeta: se fosse um país, seria a sétima maior economia do mundo. Mas o ano de 2016 no país da moda, conforme reportado por CEOs, pode ser resumido em: incerteza, mudança e desafio. Choques que afetaram a economia global combinados a mudanças radicais no comportamento de consumidores tornaram 2016 um dos anos mais difíceis para a indústria global de moda. No Brasil, a situação foi agravada pela crise doméstica.
As ondas de choque não foram só externas. As empresas de moda também passaram a olhar para dentro, implementando mudanças fundamentais em suas operações para encurtar o ciclo dos produtos e promover inovação sustentável em seus processos de desenvolvimento e produção, reavaliando completamente seu próprio ecossistema. Se na década passada a indústria global da moda vinha crescendo cerca de 5,5% ao ano globalmente, estamos agora em um patamar de 2 a 3%.
Em 2017 esperamos alguma recuperação: maior otimismo dos CEOs, melhoria do PIB global e um posicionamento fortalecido de grandes players que fizeram seu dever de casa na crise devem favorecer um desempenho positivo. Segundo os CEOs pesquisados, se 2016 foi ano de corte de custos e aumento de produtividade, 2017 deve ser o ano de aumento de vendas.
Se a indústria passa a ter oportunidade de se redefinir, deve fazê-lo à luz de algumas tendências que acreditamos serem poderosas: na economia global, é preciso estar atento à volatilidade, à potencial volta da economia chinesa e ao crescimento das megacidades. Já os consumidores estão mais conscientes e “always on”, o que representa uma oportunidade de servir a gerações, sejam de mais novos ou mais velhos, e o movimento de bem-estar – sentir-se bem é a nova forma de estar bonita – convidam empresas a repensar como servem consumidores.
Finalmente, o ecossistema da moda continuará mudando radicalmente: o “see now, buy now” deve seguir forte, enquanto o crescimento orgânico passa a ser propelido por maior relacionamento com consumidores (versus expansão de distribuição, por exemplo) e a oportunidade de empregar tecnologias digitais ganha força para melhorar eficiência de operações.
*Fernanda Hoefel é sócia da McKinsey