Por Pedro Guimarães
O consumo de energia elétrica em Santa Catarina atingiu em janeiro de 2014 seu recorde histórico, após dois anos de aumento expressivo. De lá para cá, contudo, esse número vem caindo. Estima-se que, em janeiro de 2015, a queda no ritmo da produção industrial, somada às temperaturas mais amenas do que o normal para o período, tenham derrubado o consumo de energia em 2%. Mas é consenso que, tanto no estado quanto no resto do mundo, essa demanda crescerá, ainda que em um ritmo menor, nos próximos anos.
Em 2050, a energia elétrica deve responder por 75% de toda a demanda global, ante 18% hoje. E 77% dela devem ser gerados por meio de usinas eólicas e solares. Outros 13% virão do gás natural e 10%, das demais fontes. Santa Catarina já se prepara para esse cenário: possui três parques pioneiros na geração de energia eólica (dois em Água Doce e um em Bom Jardim da Serra), além de projetos de energia solar em cidades como Tubarão e Joinville.
Se a demanda crescerá, os preços devem permanecer voláteis – para executivos e políticos, é fundamental aumentar a eficiência do uso de energia para reduzir riscos e custos. Santa Catarina está preparada, com mais de 80 empreendimentos de geração de energia e uma série de obras em andamento. O desenvolvimento tecnológico é crucial para garantir que a região tenha a energia de que precisa enquanto mitiga danos ao meio ambiente. Isso exigirá investimentos substanciais.
No setor industrial, duas alavancas são especialmente importantes para minimizar os gastos com energia: o aumento da eficiência e a redução do preço médio pago por ela.
Para aumentar a eficiência, é preciso reduzir o consumo dos equipamentos por meio de controles de processos e aumento de sua eficiência, além de otimizar as horas de uso e adotar automação para controle de uso e potência. É importante utilizar lâmpadas de led e motores de alta eficiência.
Já para reduzir o preço médio, é preciso operar nesse mercado com contratos de longo prazo, além de atuar com compra e venda de energia. Deve-se, também, utilizar formas alternativas e mais baratas de produção, com destaque para criação de capacidade própria, por meio de um power plant junto à fábrica. Acordos com o governo podem resultar em subsídio ou tarifas mais baixas. Outra alavanca é a operação em horários de baixa demanda, com redução do consumo nos horários de pico.
Sai na frente a empresa que conseguir aliar sustentabilidade à redução de custos. Ainda que 2050 esteja longe, é o pensamento de longo prazo que garantirá o sucesso.
*Pedro Guimarães é sócio da consultoria McKinsey e líder na região Sul.